domingo, 22 de agosto de 2010

p e n s a m e n t o


Pensamento vem de fora, 
e pensa que vem de dentro, 
pensamento que expectora 
o que no meu peito penso. 

Pensamento a mil por hora, 
tormento a todo momento. 

Por que é que eu penso agora 
sem o meu consentimento? 

Se tudo que comemora 
tem o seu impedimento, 
se tudo aquilo que chora 
cresce com o seu fermento; 
pensamento, dê o fora, 
saia do meu pensamento. 

Pensamento, vá embora, 
desapareça no vento. 

E não jogarei sementes 
em cima do seu cimento. 

Arnaldo Antunes, Antologia - Como É Que Chama O Nome Disso

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